Desejo

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Desejo: envolvente, encantador, sedutor, tentador.
O desejo cerca e apodera-se das mentes que se deixam encantar com palavras doces, com promessas, com um sussurro no ouvido, com um simples toque, que nada tem de inocente. Quando nos apercebemos já caímos na tentação daquele abraço forte e poderoso, daquele corpo que sempre nos chamou, daqueles lábios que sempre pediram um beijo nosso. Um dia todos tendemos a ceder a essas sensações que o corpo animal nos faz buscar. Uns dirão: obra do demónio, outros ainda dirão luxúria e outros, como eu, sentirão apenas que faz parte do ser humano sentir. Ter afinidades, atrações, relações furtivas. O proibido, o tabu sempre foi o calcanhar de Aquiles do ser humano.
Quem nunca se imaginou num dia frio e a neve a cair lá fora, enquanto que cá dentro há calor, calor humano, calor da lareira, calor daquele copo de vinho tinto, que se calhar até nem gostamos e que até nos começa a saber bem, porque a companhia não poderia ser melhor, nem o momento. Há momentos que perduram na vida e há momentos que são apenas isso, momentos. São muito provavelmente os mais fugazes e mais avassaladores. Estes são aqueles que trazem mágoa e dor à parte que se entregou pelo amor e não pelo desejo. E os que perduram, estão na nossa mente, vívidos onde o mais pequeno pormenor é detalhadamente lembrado. Não é só o amor que nos faz ter um alguém conosco, a amizade e o desejo também lá estão. O desejo mistura-se com o proibido. Não há desejo mais perigoso e ao mesmo tempo mais apreciado. É a conquista e a recompensa. Desejos assim, perigosos, fugazes e ao mesmo tempo envolventes, são raridades.
A verdade é que não há desejo proibido que valha a perda daquele se ama do mais profundo do ser . Quando se ama, deseja-se tudo e cada pedacinho da pessoa que nos acompanha nos bons e maus momentos. Torna-se ela o nosso desejo franco, doce, verdadeiro e puro de amar incondicionalmente.


Anabela Freitas

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